quinta-feira, junho 21, 2012

Entrevista exclusiva com Amit Goswami - A Consciência da nova Era

O indiano Amit Goswami defende que a física quântica pode mudar o foco da matéria para a importância da mente.


Por Paulo Eduardo Nogueira, em matéria publicada originalmente na revista BT Experience (dez/jan/fev 2012). Ilustrações por Tato Araújo.



Frank Sinatra nem desconfiaria. Mas o finzinho de seu grande sucesso "Strangers in the Night" revela­va a solução do mistério fundamental da criativida­de e da transformação. "Do be do be do", cantava o Velhos Olhos Azuis, enquanto violinos se perdiam ao fundo. "Do be do be do (faça, seja, faça, seja, faça)", aconse­lha o físico quântico Amit Goswami, autor deste insight — a raíz dos principais problemas do mundo atual está no conflito entre a visão materialista e a espiritual. A solução é harmoniza-las —, o "fazer" que moveu o Ocidente e o "ser" que predominou no Oriente. Essa é a meta de Goswami, o ativista quântico (não por acaso, título de seu mais recente livro), que no fim de no­vembro passou pelo Brasil para ministrar um curso de formação nessa área no Instituto Aleph, em São Paulo.

"A física quântica pretende induzir a uma mudança no pa­radigma científico: a passagem do primado da matéria para a primazia da consciência", explica Goswami em entrevista exclu­siva a BT Experience. Como a consciência é substrato de tudo que existe, sua elevação melhora o mundo e, por consequência, você. "Fazemos nossas escolhas a partir de um estado de cons­ciência mais sutil e interconectada, na qual somos todos um, uma consciência quântica superior." De que forma atingir essa consciência é o trabalho fundamental do ativismo quântico.

Goswami tem uma visão bastante amarga da situação atual no mundo: o domínio da ganância dos mercados financeiros, a crise na educação, o fosso cada vez maior entre pobres e ricos, o aquecimento global, a democracia precária, o alto custo da saúde... O presidente Barack Obama, eleito sob a bandeira da mudança, é um dos alvos das cartas abertas que inclui em seus livros. "Ele é muito convencional, quer ser ecológico sem entender a importância da ecologia profunda, do lado sutil de nós”, lamenta o físico quântico.
Fazemos nossas escolhas a partir de um estado de consciência sutil
Se o diagnóstico é pessimista, seu prognóstico é otimista: vivemos um novo estágio de evolução da consciência, o que aumenta a capacidade de processar novos significados e novos valores. Um exemplo seria o protesto Ocupe Wall Street. "Sob uma aparência caótica, o movimento defende a mudança mais ou menos nos parâmetros do ativismo quântico. Esse é o me­lhor sinal até agora de que em nossa sociedade global há quem perceba as possibilidades oferecidas pela nova ciência. Ativis­tas quânticos em todos os cantos podem se inspirar nisso."

Problemas aparentemente locais se revelaram globais de maneira rápida, exigindo, portanto, soluções globais. Para Goswami, uma das saídas é adotar a economia espiritu­al, que valoriza a riqueza sutil (corno o conceito de Felicidade Interna Bruta) e minimiza a material. Nesse contexto, a energia sutil é fundamental: ela pode ser obtida de diversas ma­neiras, como o reflorestamento (aumentando a energia vital das plantas), cultivo da saúde positiva na sociedade (pessoas sau­dáveis irradiam energia vital) e estimulo de práticas saudáveis nos locais de trabalho, como ioga, tai chi chuan ou meditação. "A energia sutil, ou, mais apropriadamente, a energia vital, é a aquela associada a todos os seres vivos. E conecta-se com os movimentos dos campos vitais necessários para a criação de formas biológicas. Podemos sentir essa energia de forma mais clara através de nossos chacras. Quando bloqueamos essa energia por causa de práticas erradas de vida, ficamos doentes e eventualmente morremos — a dissociação total dessa energia de nossos corpos físicos."

Filho de um guru brâmane, Goswami durante muito tempo foi um materialista convicto. Mas hoje considera que a ciência ma­terialista fracassou em resolver os desafios das últimas cinco décadas. E não tem pudores de chamar suas concepções de Ciência de Deus. Uma nova ciência que admite o que a física quântica chama de "consciência não local" — Deus, se prefe­rir. Goswami esclarece que isso nada tem a ver com a "crença simplista" de um imperador todo-poderoso lá em cima toman­do decisões. "Existe uma consciência penetrante que é tam­bém o agente criativo da consciência e que você também pode chamar de Deus, se quiser", escreveu em O Ativista Quântico. Mas igrejas e religiões organizadas ajudam pouco em harmoni­zar essas visões, lamenta Goswami, "preocupadas apenas em arrecadar fundos e dominar os demais".

O establishment científico também resiste em mudar sua visão de mundo e até registra uma onda ateísta, tendo o biólo­go Richard Dawkins à frente. Goswami atribui essa onda, em parte, à excessiva interferência de religiosos na politica (Ge­orge W. Bush usou trechos da Bíblia para Justificar a invasão do Iraque, a "Babilônia"). "A Grande Ciência, contudo, também esta ficando sem idéias novas. Naturalmente, os ataques ao Cristianismo objetivam reforçar a imagem da Grande Ciência e do materialismo científico. Mas também são prova de que os cientistas que escrevem livros antiDeus perceberam a guinada provocada pela física quântica e pelas pesquisas sobre cons­ciência. Isso também os motiva a militar pelo materialismo."

Goswami também critica aqueles ativistas políticos que fa­lham por falta de sincronia entre o que pregam e o modo como realmente agem, o que lhes tira a autoridade moral. Ambien­talistas que se revelam grandes consumistas, protestos que mais polarizam do que unem, religiosos que recorrem ao terror, e assim por diante. Sobre o crescimento do fundamentalismo religioso, lamenta que este se oponha tanto à nova ciência quanto à ciência materialista. "Em meu livro Evolução Criativa das Espécies (Editora Aleph), reconcilio a teoria do design inte­ligente com Darwin, mas a obra provocou poucas reações positivas mesmo entre os religiosos mais moderados, sem falar nos fundamentalistas. É como se os dois campos— o fundamentalismo religioso e o materialismo científico — estivessem entrincheirados nos respectivos dogmas de maneira tão arraigada que é impossível considerar a integração entre ciência e espiritualidade."

Goswami é um visitante constante no Brasil e por razões fortes: "De todos os integrantes do BRIC, o Brasil é o único que não se atirou totalmente ao materialismo científico e ainda oferece espaço para a espiritualidade". Para o ativista quântico, "os dirigentes empresariais brasileiros talvez pos­sam liderar o futuro econômico do mundo porque serão os primeiros a reconhecer o potencial transformador da econo­mia espiritual e o novo paradigma. O movimento está apenas começando, mas ganha impulso rapidamente". Portanto, mãos a obra: "do be do be do...”

Queridos amigos, indico a leitura do livro do Amit Goswami - Criatividade para o Século 21.
Para todas as mudanças que se fazem necessárias neste momento delicado de nossa sobrevivência neste lindo planeta, somente uma radical mudança de paradigma e visão de mundo poderá nos ajudar.
Abraços, Eliane

Um comentário:

  1. O espirítismo é uma religião oficial que caminha nessa direção,sem dogmátismos arcaicos.É só lê os ensaios e deixar de lado os romances,que são fantasiosos,e não ensinam nada.

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