O indiano Amit Goswami defende que a física quântica pode mudar o foco da matéria para a importância da mente.
Por Paulo Eduardo Nogueira, em matéria publicada originalmente na revista BT Experience (dez/jan/fev 2012). Ilustrações por Tato Araújo.
Frank Sinatra nem desconfiaria. Mas o finzinho de seu grande sucesso "Strangers in the Night" revelava a solução do mistério fundamental da criatividade e da transformação. "Do be do be do", cantava o Velhos Olhos Azuis, enquanto violinos se perdiam ao fundo. "Do be do be do (faça, seja, faça, seja, faça)", aconselha o físico quântico Amit Goswami, autor deste insight — a raíz dos principais problemas do mundo atual está no conflito entre a visão materialista e a espiritual. A solução é harmoniza-las —, o "fazer" que moveu o Ocidente e o "ser" que predominou no Oriente. Essa é a meta de Goswami, o ativista quântico (não por acaso, título de seu mais recente livro), que no fim de novembro passou pelo Brasil para ministrar um curso de formação nessa área no Instituto Aleph, em São Paulo.
"A física quântica pretende induzir a uma mudança no paradigma científico: a passagem do primado da matéria para a primazia da consciência", explica Goswami em entrevista exclusiva a BT Experience. Como a consciência é substrato de tudo que existe, sua elevação melhora o mundo e, por consequência, você. "Fazemos nossas escolhas a partir de um estado de consciência mais sutil e interconectada, na qual somos todos um, uma consciência quântica superior." De que forma atingir essa consciência é o trabalho fundamental do ativismo quântico.
Goswami tem uma visão bastante amarga da situação atual no mundo: o domínio da ganância dos mercados financeiros, a crise na educação, o fosso cada vez maior entre pobres e ricos, o aquecimento global, a democracia precária, o alto custo da saúde... O presidente Barack Obama, eleito sob a bandeira da mudança, é um dos alvos das cartas abertas que inclui em seus livros. "Ele é muito convencional, quer ser ecológico sem entender a importância da ecologia profunda, do lado sutil de nós”, lamenta o físico quântico.
Problemas aparentemente locais se revelaram globais de maneira rápida, exigindo, portanto, soluções globais. Para Goswami, uma das saídas é adotar a economia espiritual, que valoriza a riqueza sutil (corno o conceito de Felicidade Interna Bruta) e minimiza a material. Nesse contexto, a energia sutil é fundamental: ela pode ser obtida de diversas maneiras, como o reflorestamento (aumentando a energia vital das plantas), cultivo da saúde positiva na sociedade (pessoas saudáveis irradiam energia vital) e estimulo de práticas saudáveis nos locais de trabalho, como ioga, tai chi chuan ou meditação. "A energia sutil, ou, mais apropriadamente, a energia vital, é a aquela associada a todos os seres vivos. E conecta-se com os movimentos dos campos vitais necessários para a criação de formas biológicas. Podemos sentir essa energia de forma mais clara através de nossos chacras. Quando bloqueamos essa energia por causa de práticas erradas de vida, ficamos doentes e eventualmente morremos — a dissociação total dessa energia de nossos corpos físicos."
Filho de um guru brâmane, Goswami durante muito tempo foi um materialista convicto. Mas hoje considera que a ciência materialista fracassou em resolver os desafios das últimas cinco décadas. E não tem pudores de chamar suas concepções de Ciência de Deus. Uma nova ciência que admite o que a física quântica chama de "consciência não local" — Deus, se preferir. Goswami esclarece que isso nada tem a ver com a "crença simplista" de um imperador todo-poderoso lá em cima tomando decisões. "Existe uma consciência penetrante que é também o agente criativo da consciência e que você também pode chamar de Deus, se quiser", escreveu em O Ativista Quântico. Mas igrejas e religiões organizadas ajudam pouco em harmonizar essas visões, lamenta Goswami, "preocupadas apenas em arrecadar fundos e dominar os demais".
O establishment científico também resiste em mudar sua visão de mundo e até registra uma onda ateísta, tendo o biólogo Richard Dawkins à frente. Goswami atribui essa onda, em parte, à excessiva interferência de religiosos na politica (George W. Bush usou trechos da Bíblia para Justificar a invasão do Iraque, a "Babilônia"). "A Grande Ciência, contudo, também esta ficando sem idéias novas. Naturalmente, os ataques ao Cristianismo objetivam reforçar a imagem da Grande Ciência e do materialismo científico. Mas também são prova de que os cientistas que escrevem livros antiDeus perceberam a guinada provocada pela física quântica e pelas pesquisas sobre consciência. Isso também os motiva a militar pelo materialismo."
Goswami também critica aqueles ativistas políticos que falham por falta de sincronia entre o que pregam e o modo como realmente agem, o que lhes tira a autoridade moral. Ambientalistas que se revelam grandes consumistas, protestos que mais polarizam do que unem, religiosos que recorrem ao terror, e assim por diante. Sobre o crescimento do fundamentalismo religioso, lamenta que este se oponha tanto à nova ciência quanto à ciência materialista. "Em meu livro Evolução Criativa das Espécies (Editora Aleph), reconcilio a teoria do design inteligente com Darwin, mas a obra provocou poucas reações positivas mesmo entre os religiosos mais moderados, sem falar nos fundamentalistas. É como se os dois campos— o fundamentalismo religioso e o materialismo científico — estivessem entrincheirados nos respectivos dogmas de maneira tão arraigada que é impossível considerar a integração entre ciência e espiritualidade."
Goswami é um visitante constante no Brasil e por razões fortes: "De todos os integrantes do BRIC, o Brasil é o único que não se atirou totalmente ao materialismo científico e ainda oferece espaço para a espiritualidade". Para o ativista quântico, "os dirigentes empresariais brasileiros talvez possam liderar o futuro econômico do mundo porque serão os primeiros a reconhecer o potencial transformador da economia espiritual e o novo paradigma. O movimento está apenas começando, mas ganha impulso rapidamente". Portanto, mãos a obra: "do be do be do...”
Queridos amigos, indico a leitura do livro do Amit Goswami - Criatividade para o Século 21.
Para todas as mudanças que se fazem necessárias neste momento delicado de nossa sobrevivência neste lindo planeta, somente uma radical mudança de paradigma e visão de mundo poderá nos ajudar.
Abraços, Eliane
Frank Sinatra nem desconfiaria. Mas o finzinho de seu grande sucesso "Strangers in the Night" revelava a solução do mistério fundamental da criatividade e da transformação. "Do be do be do", cantava o Velhos Olhos Azuis, enquanto violinos se perdiam ao fundo. "Do be do be do (faça, seja, faça, seja, faça)", aconselha o físico quântico Amit Goswami, autor deste insight — a raíz dos principais problemas do mundo atual está no conflito entre a visão materialista e a espiritual. A solução é harmoniza-las —, o "fazer" que moveu o Ocidente e o "ser" que predominou no Oriente. Essa é a meta de Goswami, o ativista quântico (não por acaso, título de seu mais recente livro), que no fim de novembro passou pelo Brasil para ministrar um curso de formação nessa área no Instituto Aleph, em São Paulo.
"A física quântica pretende induzir a uma mudança no paradigma científico: a passagem do primado da matéria para a primazia da consciência", explica Goswami em entrevista exclusiva a BT Experience. Como a consciência é substrato de tudo que existe, sua elevação melhora o mundo e, por consequência, você. "Fazemos nossas escolhas a partir de um estado de consciência mais sutil e interconectada, na qual somos todos um, uma consciência quântica superior." De que forma atingir essa consciência é o trabalho fundamental do ativismo quântico.
Goswami tem uma visão bastante amarga da situação atual no mundo: o domínio da ganância dos mercados financeiros, a crise na educação, o fosso cada vez maior entre pobres e ricos, o aquecimento global, a democracia precária, o alto custo da saúde... O presidente Barack Obama, eleito sob a bandeira da mudança, é um dos alvos das cartas abertas que inclui em seus livros. "Ele é muito convencional, quer ser ecológico sem entender a importância da ecologia profunda, do lado sutil de nós”, lamenta o físico quântico.
Fazemos nossas escolhas a partir de um estado de consciência sutilSe o diagnóstico é pessimista, seu prognóstico é otimista: vivemos um novo estágio de evolução da consciência, o que aumenta a capacidade de processar novos significados e novos valores. Um exemplo seria o protesto Ocupe Wall Street. "Sob uma aparência caótica, o movimento defende a mudança mais ou menos nos parâmetros do ativismo quântico. Esse é o melhor sinal até agora de que em nossa sociedade global há quem perceba as possibilidades oferecidas pela nova ciência. Ativistas quânticos em todos os cantos podem se inspirar nisso."
Problemas aparentemente locais se revelaram globais de maneira rápida, exigindo, portanto, soluções globais. Para Goswami, uma das saídas é adotar a economia espiritual, que valoriza a riqueza sutil (corno o conceito de Felicidade Interna Bruta) e minimiza a material. Nesse contexto, a energia sutil é fundamental: ela pode ser obtida de diversas maneiras, como o reflorestamento (aumentando a energia vital das plantas), cultivo da saúde positiva na sociedade (pessoas saudáveis irradiam energia vital) e estimulo de práticas saudáveis nos locais de trabalho, como ioga, tai chi chuan ou meditação. "A energia sutil, ou, mais apropriadamente, a energia vital, é a aquela associada a todos os seres vivos. E conecta-se com os movimentos dos campos vitais necessários para a criação de formas biológicas. Podemos sentir essa energia de forma mais clara através de nossos chacras. Quando bloqueamos essa energia por causa de práticas erradas de vida, ficamos doentes e eventualmente morremos — a dissociação total dessa energia de nossos corpos físicos."
Filho de um guru brâmane, Goswami durante muito tempo foi um materialista convicto. Mas hoje considera que a ciência materialista fracassou em resolver os desafios das últimas cinco décadas. E não tem pudores de chamar suas concepções de Ciência de Deus. Uma nova ciência que admite o que a física quântica chama de "consciência não local" — Deus, se preferir. Goswami esclarece que isso nada tem a ver com a "crença simplista" de um imperador todo-poderoso lá em cima tomando decisões. "Existe uma consciência penetrante que é também o agente criativo da consciência e que você também pode chamar de Deus, se quiser", escreveu em O Ativista Quântico. Mas igrejas e religiões organizadas ajudam pouco em harmonizar essas visões, lamenta Goswami, "preocupadas apenas em arrecadar fundos e dominar os demais".
O establishment científico também resiste em mudar sua visão de mundo e até registra uma onda ateísta, tendo o biólogo Richard Dawkins à frente. Goswami atribui essa onda, em parte, à excessiva interferência de religiosos na politica (George W. Bush usou trechos da Bíblia para Justificar a invasão do Iraque, a "Babilônia"). "A Grande Ciência, contudo, também esta ficando sem idéias novas. Naturalmente, os ataques ao Cristianismo objetivam reforçar a imagem da Grande Ciência e do materialismo científico. Mas também são prova de que os cientistas que escrevem livros antiDeus perceberam a guinada provocada pela física quântica e pelas pesquisas sobre consciência. Isso também os motiva a militar pelo materialismo."
Goswami também critica aqueles ativistas políticos que falham por falta de sincronia entre o que pregam e o modo como realmente agem, o que lhes tira a autoridade moral. Ambientalistas que se revelam grandes consumistas, protestos que mais polarizam do que unem, religiosos que recorrem ao terror, e assim por diante. Sobre o crescimento do fundamentalismo religioso, lamenta que este se oponha tanto à nova ciência quanto à ciência materialista. "Em meu livro Evolução Criativa das Espécies (Editora Aleph), reconcilio a teoria do design inteligente com Darwin, mas a obra provocou poucas reações positivas mesmo entre os religiosos mais moderados, sem falar nos fundamentalistas. É como se os dois campos— o fundamentalismo religioso e o materialismo científico — estivessem entrincheirados nos respectivos dogmas de maneira tão arraigada que é impossível considerar a integração entre ciência e espiritualidade."
Goswami é um visitante constante no Brasil e por razões fortes: "De todos os integrantes do BRIC, o Brasil é o único que não se atirou totalmente ao materialismo científico e ainda oferece espaço para a espiritualidade". Para o ativista quântico, "os dirigentes empresariais brasileiros talvez possam liderar o futuro econômico do mundo porque serão os primeiros a reconhecer o potencial transformador da economia espiritual e o novo paradigma. O movimento está apenas começando, mas ganha impulso rapidamente". Portanto, mãos a obra: "do be do be do...”
Queridos amigos, indico a leitura do livro do Amit Goswami - Criatividade para o Século 21.
Para todas as mudanças que se fazem necessárias neste momento delicado de nossa sobrevivência neste lindo planeta, somente uma radical mudança de paradigma e visão de mundo poderá nos ajudar.
Abraços, Eliane
O espirítismo é uma religião oficial que caminha nessa direção,sem dogmátismos arcaicos.É só lê os ensaios e deixar de lado os romances,que são fantasiosos,e não ensinam nada.
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