quarta-feira, novembro 13, 2013

Ciência e Espiritualidade

 

Os Tipos de Mente e o Salto Quântico

 
Nossa mente pode operar em faixa 1, 2, 3 e 4, conforme nosso nível de consciência. Podemos aqui usar a física quântica e fazer uma analogia com as órbitas quantizadas dos elétrons, associando os diferentes níveis de energia aos níveis de consciência.

Niels Bohr em 1913 utilizou a ideia de Planck, da quantização da energia, para criar um modelo atômico onde as orbitas dos elétrons dentro do átomo são quantizadas. Bohr postulou que os elétrons orbitam o núcleo atômico em órbitas definidas, ou seja, os elétrons estariam em apenas algumas regiões permitidas, e não aleatoriamente em "qualquer lugar" ao redor do núcleo.

Desta forma os elétrons serão encontrados sempre em algumas destas órbitas. Como na figura abaixo, o elétron pode estar na órbita K, L, M... e assim por diante, mas nunca no espaço entre elas.
figura 1 - Modelo de Bohr para o átomo

O elétron pode mudar de uma órbita para outra, recebendo ou emitindo um quantum (pacotinho) de energia. Se ele absorve um quantum de energia ele desaparece da órbita L, por exemplo na figura 1, e aparece na órbita M. Este salto representa uma descontinuidade, pois o elétron não faz uma trajetória, ele não passa pelo espaço entre as duas órbitas. Ele simplesmente desparece de uma órbita e aparece na outra. O outro exemplo que podemos ver na figura 1 é o do elétron passando da órbita M (mais externa) para a órbita L (mais interna). Para isso ele emite um quantum de energia, passando assim de uma órbita mais energética para uma órbita menos energética. Quanto mais próxima do núcleo for a órbita menor é a energia do elétron associado a ela.

No Budismo, o Lama Padma Samten nos ensina que a mente pode operar em 4 faixas. Podemos fazer uma analogia destas faixas com as órbitas do átomo de Bohr.

A mente que opera em faixa 1 é aquela mente que apenas responde automaticamente aos impulsos externos. Age de forma responsiva, ou seja, totalmente no automatismo e no condicionamento, respondendo de forma imediata.
A mente em faixa 2 ainda é uma mente que responde dentro do condicionamento, mas é uma mente que consegue traçar um pouco de estratégia.
Para ilustrar vamos tomar como exemplo um jovem universitário que tem uma prova de manhã cedo no dia seguinte, e recebe o telefonema de um colega convidando-o para sair para a balada. Se ele está operando em faixa 1 ele nem pensa, sai imediatamente para a balada "se esquecendo" da prova no dia seguinte. Com a mente operando em faixa 2 o jovem pode deixar a balada para um outro dia, já que tem a prova no dia seguinte. É importante ressaltar que nestes dois casos (faixa 1 e faixa 2) a mente está apenas lidando com os aspectos externos do mundo, respondendo ao que surge.

Na mente em faixa 3 existe um "ganho de energia" maior. A consciência dará um salto quântico mais amplo, pois a mente que opera nesta faixa é a mente que percebe o mundo interno. Nesta etapa do desenvolvimento de nossa consciência passamos a perceber que existe um mundo interno que não é separado do mundo externo. Percebemos que nosso mundo interno dá significado aos acontecimentos externos, e que desta forma podemos alterar situações que surgem em nossa vida alterando o significado que atribuímos a elas. Podemos ver como exemplo, situações que aconteceram em nossa vida há anos atrás, que na época víamos como coisas ruins e hoje vemos como coisas boas, ou vice-versa. O fato em si continua o mesmo, não mudou, mas com o passar do tempo mudamos o significado que nosso mundo interno dá ao fato. Neste momento percebemos que nossa mente cria o que chamamos de "paisagem", que todo fato que observamos está dentro de uma determinada paisagem criada pela nossa mente. Descobrimos então que nossa mente tem essa mobilidade, esta capacidade de mudar de paisagem contornando assim vários obstáculos que poderiam nos trazer muito sofrimento.

figura 2 - Faixas 1, 2 e 3 de operação da mente.
 
 
Finalmente temos a mente que opera em faixa 4. A faixa 4 já não estaria representada nas órbitas do átomo, pois esta faixa já representaria uma mente que transcendeu. Na faixa 3 percebemos que temos esta liberdade de mudar de um tipo de paisagem para outro. Desta forma percebemos uma Natureza Livre da mente. Percebemos que existe uma Natureza que está além das paisagens da mente, que está conectada a esta Liberdade Criadora. A mente totalmente livre dos carmas e condicionamentos opera em faixa 4.

Podemos ainda fazer uma analogia do núcleo atômico com a identidade (ou ego limitante). Quanto menor é o nível de energia mais próximo do núcleo o elétron estará. Ao ganhar energia o elétron se afasta do núcleo até que se libera do átomo. Assim seria também com a consciência, que se amplia e se afasta da identificação com o ego, operando em faixas de maiores níveis de energia, até a liberação total.



Bibliografia:

Física Quântica - Eisberg / Resnick
A Mandala do Lotus - Lama Padma Samten